terça-feira, 30 de novembro de 2010

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DA PESQUISA EXPERIMENTAL

A trajetória do nosso projeto experimental pode ser resumida em uma palavra: transformação. Durante esse percurso o projeto sofreu várias modificações e adequações para que chegasse ao seu objetivo final.
O primeiro contato com o projeto trouxe muitas questões a serem discutidas, já que havíamos decidido produzir um vídeo institucional para uma ONG, o Instituto Brasileiro de Arte e Cultura - IBRAC e criá-lo a partir de conceitos semióticos. O primeiro empecilho foi não haver muita bibliografia disponível relacionada à vídeo institucional para utilizarmos no trabalho, sendo assim foi preciso adequar a bibliografia já existente de outros tipos de vídeos para o projeto.
Percebemos que, ao mesmo tempo que a bibliografia escassa poderia prejudicar de certa forma o projeto, era também uma maneira de criamos algo diferente dos vídeos institucionais já existentes e aceitamos o desafio.
Decidimos então, fazer um vídeo institucional diferente daqueles que já conhecíamos com caráter mais experimental. Começamos a pesquisar e a assistir alguns vídeos institucionais e comerciais com as características que gostaríamos que existissem em nosso trabalho. Fizemos a análise de vários vídeos e tivemos uma primeira idéia, a de fazer um vídeo com uma música comercial e utilizarmos palavras soltas relacionadas ao IBRAC.
No entanto, depois de realizarmos e refletirmos sobre os vídeos, percebemos que as análises dos vídeos fugiam do nosso propósito inicial, a experimentação da linguagem, por serem vídeos mais comerciais que deveriam atingir um maior número de pessoas, então decidimos modificar a primeira idéia relacionada ao vídeo.
Partimos para uma segunda fase de pesquisa, em busca de outros elementos de estudo mais subjetivos, e novas idéias foram surgindo. Pensamos em mostrar como o IBRAC pode mudar a vida das pessoas por se tratar de uma instituição filantrópica com atividades de inclusão social. O conceito de transformação começa a nascer nessa etapa.
Em uma dessas pesquisas tomamos contato com técnicas de animação e colagens e nos identificamos com elas por ser de certa forma divertido, entusiasmante, quase uma brincadeira. Pesquisamos alguns vídeos que consideramos que estavam de acordo com nossa proposta  e conhecemos o trabalho de Conrado Almada que estudamos de maneira mais detalhada. No trabalho de Conrado Almada nos interessaram principalmente os seguintes aspectos: as colagens, a velocidade, as imagens saturadas, desfocagem e animação.
Amadurecemos o conceito que iríamos utilizar no vídeo, o de transformação e decidimos relacionar o IBRAC à essa potencialidade. Inicialmente nosso roteiro previa gravar todas as cenas em estúdio, mas isso tornou-se inviável devido ao alto custo da  montagem de um cenário adequado para cada cena, e além de correr o risco de as imagens ficarem superficiais e irreais.
Decidimos em conjunto com o professor Álvaro Starling, coorientador do projeto, que as imagens começariam a ser captadas de maneira que remetessem à fragmentos de dos trabalhos realizados na instituição. Dessa forma, partes de objetos e pessoas foram gravados de forma que não os revelasse por inteiro, trabalhando sempre com signos que não possuíssem um objeto bastante claro, deixando espaço para que a mente interpretadora pudesse funcionar com singularidade..
Após a fase de captação de imagens partimos para a edição. Editamos todas as cenas que foram captadas, experimentando alguns elementos, como fazer cortes nos frames e inverter a ordem do vídeo e por fim, inserimos a trilha.
Após a inserção da trilha sonora, verificamos que o vídeo não conseguia chegar ao seu objetivo, ou seja, os signos que nós escolhemos, principalmente o contexto que nós criamos não causou nas mentes interpretadoras os interpretantes desejados, o conceito de transformação precisaria ser readequado para que houvesse sintonia entre a imagem e a mensagem a ser passada.
Para que isso acontecesse pensamos em várias possibilidades, uma delas foi a de capturar mais algumas cenas relacionadas à pobreza e desfavorecimento social e inseri-las no início do vídeo, causando um contraste entre algo ruim que pode se transformar em algo bom. Assim, criamos um primeiro bloco de imagens que devido a sua composição gerassem um determinado contraste com o vídeo que havíamos feito, imagens essas que provocam certa repulsa na mente interpretadora para que depois, no segundo bloco de imagens, mostrássemos a transformação que pode ocorrer na vida das pessoas através das atividades desenvolvidas no IBRAC.
Após essa readaptação do vídeo, percebemos que o interpretante evocado por nós, escolhido desde o início, alcançou com clareza a mente interpretadora.
            Acreditamos que o nosso projeto será de grande valia para a comunidade acadêmica, pois até então quase não existia bibliografia relacionada a vídeo institucional, o projeto veio somar no campo de pesquisa comunicacional, provando que é possível realizar um vídeo institucional com uma linguagem não habitual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário